Nós levamos para a nossa vida profissional essa necessidade de ter que aguentar tudo. Vamos trabalhar mesmo doentes e, quando não conseguimos, nos sentimos culpados por não aguentar a dor. Mas na verdade, descansar quando se está doente é o certo a se fazer.
- Hwang Bo-Reum (Bem-vindos a livraria Hyunam-Dong)
Meu corpo pede repouso desde a terça-feira, a gripe me tomou por inteiro. Partes dele estão doloridas, a garganta com uma tosse incessante. O pior são os remédios que me deixam sonolenta, como naquelas manhãs de domingo que acordamos um pouco mais tarde e ficamos meio grogue, engatando a marcha de forma lenta para dar a partida.
Pensei em respeitar o meu corpo, dar a ele um tempo para descansar. Acredito muito veemente que ficar doente, é um sinal que ele nos dá sussurrando em nosso ouvido “Ei, eu preciso de um respiro, a bateria está se esvaindo. Que tal parar e pegar um pouco de ar?”. Achamos que a roda gigante da vida precisa continuar a girar, mesmo que estejamos doentes, ou tristes, ou cansados. São vários os contextos que ligam um pisca alerta, mas o chamado a produtividade tenta silenciá-lo, e foi o que me ocorreu.
Eu tentei seguir o ritmo até o dia de hoje, quando o sistema sucumbiu. Não deu mais, eu gritei ao condutor da roda para parar. Eu acredito que o mundo pode muito bem continuar sem mim por um dia, hoje eu não estou disponível para ele. Só por hoje.
Não me coloco de acordo com a produtividade a todo custo, como se fôssemos máquinas que funcionam a óleo, que não se esgotam, só continuam a trabalhar. Nós somos de sangue e carne. Nós cansamos, e nosso corpo não perdoa quem se cansa e não para, ele te obrigará a fazer isso, como um ditador. É melhor fazer por bem do que por mal.
Os remédios me fizeram desfrutar de uma soneca. Assisti comfort vlogs. Li bastante. Tive um tempo de vazio, olhando para o teto refletindo sobre as nuances dessa vida. Agora, me encontro aqui escrevendo esse texto, porque escrever me relaxa, e é um hobby que nem sempre tenho muito tempo para me dedicar. Coisas que podemos viver quando desaceleramos.
Amanhã um novo capítulo desse livro que é a minha vida, vai se iniciar. A roda volta a girar, me preocupo com as demandas acumuladas, o planner ficará com todas as suas linhas preenchidas, terei muitos checks para dar. Mas hoje, eu posso respeitar minha humanidade, e respirar.